Vício em jogos de azar: entenda sintomas e tratamentos psicológicos

Em seis anos, os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) e a APS (Atenção Primária à Saúde) passaram de 108 a 1.290 atendimentos psicológicos realizados por ano para pessoas com dependência em jogos de azar. A estatística compreende o período entre 2018 e 2023. Os dados representam um aumento de 1.094% e foram divulgados pelo Ministério da Saúde.

Além disso, a soma de atendimentos realizados no período totaliza 2.780, com uma média de 463 acompanhamentos anuais.

Em geral, as pessoas em quadro de ludomania (vício em jogos de azar) começam encarando os jogos como uma distração, além de uma oportunidade de ganhos financeiros. Apesar disso, o que ocorre com frequência é o desenvolvimento de uma relação perigosa com as apostas. É o que explica a psicóloga Nilma Ferreira. Ela passou a receber vários pacientes no consultório se queixando dos hábitos com apostas online:

“O jogo de azar começa como uma distração, um entretenimento. Mas a partir do momento em que existe um descontrole e a pessoa não está mais praticando aquilo em nome do prazer, e sim porque ela não consegue mais parar, isso se configura como um transtorno”, diz Nilma.

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Ainda segundo a psicóloga, risco é maior para pessoas que não estão bem emocionalmente. “As pessoas, por vários motivos, estão desorganizadas. Com isso, é mais fácil ficar vulnerável ao poder de sedução que estes jogos carregam”, explicou.

Sintomas

Os sintomas comportamentais e emocionais do vício em jogos de azar incluem: preocupação excessiva com jogos; aumento da frequência e do tempo dedicado ao jogo; tentativas de recuperação de perdas financeiras; atos ilegais para financiar o vício; sentimentos de ansiedade, irritabilidade, depressão e desespero, relacionados às apostas online.

Profissionais alertam para os riscos que correm os usuários desse tipo de plataforma de apostas. Segundo o psicólogo e professor universitário, Alexandro Cruz, “o vício em apostas pode inclusive colocar a vida do dependente em risco, porque muitos deles contraem dívidas com agiotas e, não conseguindo pagar essa dívida perigosa, são ameaçados de morte”.

Tratamento

Sobre tratamentos, Alexandro acredita que sejam necessários esforços conjuntos. “O tratamento é multifacetado e envolve uma equipe interdisciplinar. A psicoterapia, associada à psicofarmacologia, é essencial, além do apoio familiar e dos amigos”, afirma o psicólogo.

Além disso, as políticas públicas também desempenham um papel importante. O tratamento em centros específicos para adicções (vícios), como os CAPS e clínicas particulares, oferece um ambiente de recuperação intensiva. “Essas instituições ajudam a pessoa a refletir, acompanhar e se instrumentalizar para lidar com a ansiedade e evitar recaídas futuras”, conclui o psicólogo.