O deputado estadual, Juscelino Marreca (Patriotas), que fez proposta para transformar ‘São João da Thay’ em Patrimônio Cultural Imaterial do Maranhão retirou o projeto da pauta. A decisão foi tomada nesta quarta-feira (12) após uma reavaliação dos critérios contidos nas legislações das políticas culturais estaduais e municipais.
Quando apresentou o PL, Juscelino justificou dizendo que o festival ‘fomenta o turismo local, contribui para a economia da região’ e proporciona uma grande oportunidade para promover a cultura maranhense. O evento é promovido pela influenciadora digital Thaynara OG desde 2017, e fatura milhões em cada edição.
O professor Euclides Moreira Neto, doutor em Comunicação, Linguagem e Cultura pela Universidade da Amazônia, considerou a ideia do PL uma afronta à cultura do Maranhão, principalmente por entender que a proposta transformará uma manifestação cultural em um evento de promoção privada.
“Essa é uma promoção de cunho privado, e chega até a agredir as nossas manifestações ancestrais, tradicionais, que não têm tido respeito, não têm tido atenção da política cultural do Estado. O foco deveria ser as atrações locais, deveria ser o fortalecimento das manifestações que nos fazem diferentes da nossa região e do país. Deveríamos estar fortalecendo os grupos de tambor de crioula, de bumba-meu-boi, de Cacuriá, de dança do lelê, dança do coco, dança de São Gonçalves e tantas outras manifestações que aí estão e que não têm o devido respeito”, desabafou Euclides Moreira Neto.
Anteriormente, o deputado Juscelino Marreca, havia dito que o reconhecimento do ‘São João da Thay’ como Patrimônio Cultural Imaterial do Maranhão seria “uma forma de valorizar e proteger essa manifestação cultural, garantindo sua continuidade e incentivando a preservação das tradições culturais maranhenses”.
Contudo, as poucas atrações maranhenses que se apresentam são meramente como coadjuvantes, ou até mesmo figurantes dos grandes artistas e grupos culturais de outros estados. Exemplo disso, foi a apresentação dos bois Garantido e Caprichoso, movimento amazonense do município de Parintins.
Euclides Moreira criticou também o pagamento exorbitante feito a atrações nacionais e internacionais, em contraste com os cachês muito menores destinados a artistas locais, destacando a desigualdade no tratamento.
“Temos grupos de boi tradicionalíssimos, como o boi de Guimarães, por exemplo, que está tendo dificuldade em sair na temporada junina de 2024. E nem o deputado ofereceu uma emenda parlamentar, ofereceu um requerimento de reconhecimento para ser aprovado pelo poder legislativo. No entanto, para uma festa de cúmulo privado, isso está acontecendo. Isso, para mim, é um tapa na cara para aqueles fazerem setores de cultura para aquelas manifestações culturais que lançam o Estado”, afirmou, Euclides.
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