“Nunca imaginei ver tamanha desvalorização”, desabafa Mano Borges

O Maranhão receberá mais de 700 atrações culturais no São João 2024. O anúncio foi oficializado nesta quarta-feira (5) pelo governador Carlos Brandão (PSB) em um evento no Ipem. No entanto, nem todo mundo está satisfeito, principalmente os produtores culturais do estado.

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Em entrevista exclusiva ao Portal Difusora News, o renomado produtor cultural e cantor maranhense Mano Borges lamentou a falta de valorização de sua classe no Maranhão. O cantor revelou que muitos artistas maranhenses nem mesmo receberam o cachê do São João de 2023.

“A minha insatisfação, assim como a de outros colegas, é a falta de pagamento dos artistas locais e a não contratação dos mesmos. Vários artistas não receberam seus cachês do São João do ano passado. Dentre estes, eu também”, disse Mano Borges.

Em contrapartida, o cantor pontuou que artistas de outros estados, quando contratados pelo Governo do Estado, recebem seus cachês antecipadamente.

“Então, a insatisfação é com o fato do secretário falar todos os dias em respeito à cultura do nosso estado e nem sequer pagar os artistas locais, cachês defasados há 10 anos e os que vêm de fora recebem antecipadamente. É triste ver tantos colegas desanimados e músicos abandonando a profissão, tendo que às vezes vender seus instrumentos”, criticou.

Mano Borges na Praça Maria Aragão – Foto: Reprodução

Segundo o artista maranhense, o São João do Maranhão sempre foi um atrativo e conhecido exatamente pela força de sua cultura local. Mano Borges reforçou que não se pode tirar dos maranhenses o orgulho, caso contrário, gerações futuras vão se transformar em um povo sem identidade.

“Acho que é uma questão de prioridade. Quando você prioriza artistas de outros estados, em detrimento de não valorizar os artistas locais, isso demonstra que temos uma secretaria que não trabalha pela valorização e fomento da nossa cultura, assumindo um papel que não é o seu”, disse o cantor e produtor maranhense. “As secretarias de culturas estaduais e municipais existem para fomentar a cultura local. Contrariando o seu papel, o que estamos vendo é uma deformação desse papel”, completou Mano Borges.

“Estamos falando em enviar recursos públicos (dinheiro de nossos impostos) para outros estados e aí fica a pergunta: por que não aplicar esses valores em nosso estado, já que vivemos aqui e esse dinheiro circula aqui mesmo? Por que enviar para fora o que nos falta aqui? Por que para o artista maranhense participar de sua festa é necessário 20 certidões e para os de fora, basta um simples contrato assinado?”

Mano Borges

Mano Borges lembrou que está há 33 anos produzindo músicas e conquistou inúmeros prêmios, levando o nome do Maranhão por onde passou. No entanto, ele enfatizou que nunca viu uma campanha tão grande de desvalorização da cultura maranhense.

“Tenho 33 anos de música dedicados ao meu estado, já tendo percorrido o Brasil, além de cinco viagens internacionais, vários prêmios. Nunca imaginei ver tamanha campanha para desvalorização da nossa arte”

“Precisamos nos afastar definitivamente desse complexo de vira-latas, pois temos uma das culturas mais ricas desse país, o que nos deveria ser motivo de orgulho. Espero que os mestres da cultura popular consigam resistir e continuem servindo de norte e farol para os que virão depois deles.”

Concluiu

São João do Maranhão

O início do São João do Maranhão ocorre nesta quinta-feira (6) com o tradicional Cortejo Junino na Praça Deodoro, no Centro de São Luís. Diversos grupos de Bumba Boi deverão percorrer as ruas do Centro Histórico da capital maranhense.

Oficialmente, as festas juninas no Maranhão serão realizadas de 6 a 30 de junho. Em suas redes sociais, Brandão divulgou os arraiás de São Luís e muitos seguidores questionaram a ausência de arraiás no Centro Histórico e no Ceprama.

Tags: cultura, Maranhão, São João, São Luís