Cientista explica que desmatamento no Cerrado pode causar falta de água no MA

No Dia do Meio Ambiente, celebrado nesta quarta-feira (5), o professor do Curso de Geografia da Universidade Federal do Maranhão, Marcelino Silva Farias Filho, aponta que a drástica modificação humana no ecossistema do Maranhão poderá levar o estado a uma crise hídrica.

A afirmação se dá por um dado da plataforma MapBiomas que revelou que o Cerrado sofreu o maior desmatamento da história nos últimos cinco anos. A pesquisa mostrou ainda que é a primeira vez que o desmatamento do Cerrado ultrapassa a Amazônia em área desmatada.

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Segundo o professor Marcelino Filho, as características do Cerrado estão atraindo cada vez mais produtores de grãos para essas áreas. Durante o plantio, os produtores acabam utilizando máquinas agrícolas de grande porte e a consequência desse processo é o desmatamento e a diminuição do volume dos rios.

O resultado desse intenso desmatamento poderá ser a extinção de rios e de outros mananciais maranhenses. “Os riscos são inúmeros, especialmente reapresentados pela perda de rios e de outros mananciais, pela modificação severa de ecossistema e pelo estabelecimento de crises hídricas para os diferentes usos, inclusive os urbanos”, concluiu o professor Marcelino Filho.

Desmatamento no Cerrado maranhense – Foto: Reprodução

O uso de máquinas agrícolas de grande porte e insumos tem ocasionado desmatamento, compactação e contaminação dos solos. Isso resulta no desaparecimento de muitas nascentes e na redução da capacidade dos solos em infiltrar água, incorrendo na redução significativa do volume hídrico nos rios, segundo disse o professor em entrevista ao Difusora News.

Além do maquinário, ele apontou outro fato que agrava a situação: o uso da irrigação no período seco e a captação de água de rios de pequeno porte e até de nascente, reduzindo a vazão e volume de água até mesmo nos rios principais.

O professor explica a importância incalculável do Cerrado para o meio ambiente. “O cerrado, por possuir relevo plano, com altitudes variando de média a grande e por possuir solos profundos e porosos, situados sobre rochas sedimentares, predominantemente abriga grande parte das nascentes dos principais rios brasileiros”, explicou Marcelino.

Entenda

No Maranhão, três biomas compõem a biodiversidade do estado. O Cerrado é o bioma mais presente na vida das maranhenses, ocupando 64% do território. Em seguida, estão os biomas da Amazônia, com 35%, e a Caatinga, com 1%.

As áreas mais desmatadas do Cerrado brasileiro estão exatamente na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Conforme o Governo Federal, aproximadamente 47% do desmatamento na região tem autorização dos Estados.

Matopiba – Foto: INPE

No Maranhão essa taxa de autorização por parte do Governo Estadual é de 34%. Em março, uma reunião realizada pelo Governo Federal propôs um pacto com governadores para combater o desmatamento no Cerrado.

“Durante quatro anos da gestão anterior, o Cadastro Ambiental Rural foi totalmente anulado. Cada Estado passou a desenvolver e avançar com seus próprios sistemas desarticuladamente”, afirmou o secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente, André Lima.

Na ocasião, o governador Carlos Brandão e mais cinco governadores estaduais participaram do encontro com ministros do Palácio do Planalto, em Brasília.

Tags: Maranhão, meio ambiente, São Luís