Temporais e ciclones no Sul. Onda de calor no Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste. Seca no Norte. O ano de 2023 reservou aos brasileiros o maior número de extremos climáticos simultâneos no país. Em todo o mundo, esse também pode ser o ano mais quente já registrado na história, segundo avaliação de cientistas da União Europeia.
Este ano, o El Niño, fenômeno que favorece o aumento da temperatura em várias regiões do planeta, por meio do aquecimento das águas do Oceano Pacífico, já é um dos mais fortes registrados na história. A zona do Oceano Pacífico Equatorial, onde ele surge, já está 1,8 °C mais quente. E é graças a ele que as regiões do Brasil têm experimentado extremos climáticos dos mais variados.
Temporais no Sul: O fenômeno do El Niño, segundo os meteorologistas do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), interfere no clima do Brasil. Ele está ligado aos temporais e ciclones no Sul do país, já que a temperatura mais quente no Pacífico causa uma maior evaporação das nuvens e essa umidade tem sido transportada pelo vento para o sul.
Seca no Norte: A seca no Amazonas, onde o Rio Negro atingiu a menor marca da história, atrapalhando o transporte fluvial e aumentando o número de queimadas na floresta, também está associada ao El Niño. As chuvas do Equador foram mais para o Norte do planeta este ano, de acordo com o Inmet, deixando assim a região mais seca.
Onda de calor: A circulação de ar, que costuma trazer a umidade da Amazônia para o Centro-Oeste e para o Sudeste, trouxe em 2023 o ar quente e seco para essa região do país. Com isso, 15 estados e o Distrito Federal estão enfrentando temperaturas até 5 °C maiores do que o habitual. O Pantanal registrou mais de 3 mil focos de incêndio, com uma área destruída que ultrapassa um milhão de hectares.
Os meteorologistas alertam que o El Niño não é como uma frente fria, já que é um fenômeno de larga escala. A previsão dos especialistas é de que ele dure até março de 2024. Assim, a tendência é de que ele traga mais chuvas para o Sul e que a seca dure por mais tempo no Norte.
A culpa, porém, não é só deste fenômeno, visto por muitos como o “vilão do clima” aqui no Brasil. São as mudanças climáticas que anteciparam e, além disso, fortaleceram o El Niño, ao ponto dele ser classificado na categoria de “intenso a muito intenso”.
Fonte: SBT News