O secretário de Estado americano, Antony Blinken, realizou neste domingo (05/10) uma visita não anunciada à Cisjordânia, onde se reuniu com o presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas.
Nos últimos dias, Blinken manteve uma série de compromissos na região com autoridades dos dois lados da guerra entre Israel e o Hamas e representantes dos países do Oriente médio, em busca de soluções para o conflito e para a crise humanitária nos territórios palestinos.
O secretário chegou a Ramallah, na Cisjordânia, sob forte esquema de segurança, horas após um ataque aéreo israelense atingir um campo de refugiados na Faixa de Gaza, matando ao menos 40 pessoas, segundo informou o Ministério da Saúde local.
Mesmo com o sigilo imposto em torno da passagem de Blinken pela na Cisjordânia e com a recusa do Departamento de Estado em confirmar a viagem até que ela estivesse concluída, manifestantes palestinos protestaram contra a presença do americano no território.
Em seu encontro com Abbas, Blinken ressaltou a necessidade de pôr fim à violência de colonos judaicos extremistas na Cisjordânia, onde mais de 150 palestinos foram mortos em confrontos com soldados e cidadãos israelenses armados, segundo informou a Autoridade Palestina.
O americano também criticou o deslocamento forçado da população palestina em Gaza. Israel vem constantemente alertando os moradores do norte do enclave a rumarem para o sul do território sob o risco de se tornarem alvos de bombardeios, o que levou milhares de pessoas a deixarem seus locais de residência, enquanto as forças israelenses impõem um cerco à Cidade de Gaza.
Abbas condena violência israelense
Ao lado de Blinken, Abbas criticou o que chamou de “genocídio e destruição pelas mãos da máquina de guerra de Israel que aflige nosso povo palestino, em desprezo às leis internacionais”, informou a agência palestina de notícias Wafa.
Ele defendeu o fim imediato da guerra e pediu o reforço da ajuda humanitária, assim como a restauração do fornecimento de água e eletricidade em Gaza.
O líder palestino disse que soluções militares não trarão a paz para Israel, e que somente o fim da ocupação e o estabelecimento de um Estado palestino sediado em Jerusalém poderão pôr fim às hostilidades.
Blinken disse que os EUA vislumbram um papel central para a Autoridade Palestina na futura administração da Faixa de Gaza pós-Hamas. Abbas, porém, avalia que a AP somente poderá voltar ao poder se houver uma “solução política compreensiva” para o conflito.
O grupo político liderado por Abbas exerce autoridade somente parcial sobre os territórios palestinos, após o Hamas solidificar seu poder político na região em 2007. O governo americano diz apoiar a solução de dois Estados, algo que o governo de ultradireita do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu rejeita categoricamente.
No dia anterior, o secretário de Estado dos EUA se reuniu com ministros do Exterior de países árabes em Amã, na Jordânia, que expressaram revolta com as mortes de civis na Faixa de Gaza.
Os ministros do Egito, Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos e Jordânia exigiram um cessar-fogo imediato, o que foi rejeitado pelos EUA e por Israel. As nações árabes vêm resistindo ao chamado americano para assumirem papéis mais ativos na busca por uma solução para a crise.
Pausas humanitárias descartadas
Em todas as etapas de sua viagem, Blinken ofereceu o apoio de seu pais a Israel e defendeu seu direito à autodefesa. Ele, porém, pediu a adesão de Tel Aviv às leis internacionais, além de garantias à proteção dos civis e o reforço do envio de ajuda humanitária aos palestinos.
O americano sugeriu a criação de pausas humanitárias no conflito para facilitar o fluxo de estrangeiros e refugiados que tentam deixar o enclave, com a suspensão temporariamente dos bombardeios e da ofensiva por terra, o que foi rejeitado pelo governo israelense.
Autoridades dos EUA acreditam, porém, que Netanyahu poderá flexibilizar suas posições se for convencido de que a diminuição do sofrimento dos palestinos em Gaza seria algo positivo para os interesses estratégicos de Israel.
O grande número de mortos e feridos em Gaza vem gerando revolta internacional, com milhares de pessoas participando de protestos em diferentes partes do mundo, de Washington a Berlim.
O Ministério da Saúde de Gaza informou neste domingo que, até o momento, 9.770 palestinos foram mortos pelos ataques israelenses, incluindo 4.008 crianças.
Fonte: DW Brasil
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