Os sistemas alimentares responderam por 73,7% (1,8 bilhão de toneladas) das 2,4 bilhões de toneladas brutas de gases de efeito estufa lançadas pelo Brasil em 2021. A estimativa é do Observatório do Clima (OC), que, em estudo inédito, apontou a agropecuária como um dos principais responsáveis pelas emissões, sobretudo pelo rebanho bovino.
Isso porque a cadeia de corte bovino gerou uma emissão de 1,4 bilhão de toneladas brutas de gases de efeito estufa. O desmatamento responde por 70,6% das emissões da carne, seguido pelas emissões diretas do rebanho (29,2%). Segundo o OC, se fosse um país, o bife brasileiro seria o sétimo maior emissor do planeta, à frente do Japão.
“Esse estudo inova ao trazer um olhar transversal sobre as emissões, conectando numa cadeia todos os setores de emissão que são tratados isoladamente nas metodologias de inventários. E, no Brasil, os sistemas alimentares, e dentro deles a cadeia da carne bovina, respondem pela maior parcela das emissões, merecendo esse olhar especial”, disse David Tsai, pesquisador do OC.
Um exemplo é o sequestro de carbono em solos, principalmente em pastagens bem manejadas. A imensa área de pastos degradados do Brasil – cerca de 96 milhões de hectares – torna o país um grande emissor, com cerca de 200 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano.
“Esse relatório deveria ser lido pelos representantes do agronegócio e pelo governo como um chamado à responsabilidade. Ele demonstra, para além de qualquer dúvida, que está nas mãos do agronegócio o papel do Brasil como herói ou vilão do clima. Até aqui, o setor parece querer que o país encarne o vilão, tentando destruir a legislação sobre terras indígenas, legalizar a grilagem e acabar com o licenciamento ambiental”, apontou Marcio Astrini, secretário-executivo do OC.
Fonte: SBT News