Centenas de milhares pessoas saíram às ruas de Varsóvia neste domingo (01) para protestar contra o governo ultraconservador da Polônia, acusado de minar a democracia do país. O protesto, convocado pelo líder da oposição e ex-primeiro-ministro Donald Tusk, ocorre duas semanas das eleições legislativas no país, um pleito considerado crucial pelo atual governo liderado pelo populista-nacionalista Partido Lei e Justiça (PiS).

“É a maior manifestação da história de Varsóvia”, declarou Monika Beuth, porta-voz da prefeitura de Varsóvia, que confirmou a presença de quase um milhão de pessoas. embora algumas fontes aponem um comparecimento ligeriamente menor.

Os manifestantes se reuniram no centro de Varsóvia, muitos deles com bandeiras da União Europeia e da Polônia.

O protesto terminou com um discurso de Tusk, que lidera o bloco centrista Coalizão Cívica. “Nós, aqui, somos a Polônia”, disse. “Estamos aqui para vencer. A Polônia merece algo melhor, a Polônia merece o melhor”, acrescentou Tusk.

“Quando vejo estas centenas de milhares de rostos sorridentes, tenho uma boa sensação de que o momento decisivo na história da nossa pátria está chegando. Nada pode deter esta força, completou Tusk.

Apoiadores da marcha também alertaram que a eleição pode ser a última chance do país de impedir a erosão da democracia que vem ocorrendo sob o comando do PiS, em meio a temores crescentes de que o pleito de outono não seja justo e que o país esteja trilhando o caminho “iliberal” da Hungria, que também é liderada por um governo ultraconservador que vive em conflito com União Europeia.

No poder, o PiS combinou uma fórmula de gastos sociais mais altos com políticas socialmente ultraconservadoras e apoio à Igreja nesta nação majoritariamente católica. No entanto, os críticos alertam há anos que o partido está revertendo muitas das conquistas democráticas desde que a Polônia se viu livre do regime comunista em 1989.

Até mesmo o governo dos EUA, um aliado da Polônia, chegou a manifestar preocupação com a erosão da liberdade de imprensa e da liberdade acadêmica na área de pesquisa do Holocausto na Polônia.

Os críticos apontam principalmente para a ofensiva do PiS contra o Judiciário e a mídia independente no país. O partido costuma usar a mídia estatal para atacar a reputação dos seus oponentes. O PiS também instrumentalizou o preconceito contra minorias, principalmente LGBTQ+, cuja luta por direitos o partido descreve como uma ameaça às famílias e à identidade nacional. A repressão ao direito ao aborto, outra bandeira do partido, já desencadeou protestos anteriores no país.

Apesar dos conflitos com a UE e das denúncias dentro do país, o PiS continua com uma boa vantagem nas pesquisas, com quase 35% das intenções de voto, segundo o instituto IBRiS.

A Coalizão Cívica aparece em segundo lugar, com 27% das preferências.

Tusk, no entanto, afirma que as pesquisas feitas por seu partido mostram que a diferença entre os dois partidos caiu para dois pontos.

“A oportunidade está ao alcance da mão. Não há nada decidido”, disse Tusk em um comício na última semana em Elblag, norte da Polônia.

Fonte: DW Brasil

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