O presidente russo, Vladmir Putin, nomeou um dos principais comandantes do grupo Wagner para liderar as chamadas “unidades de voluntários” que se juntarão aos combates na guerra na Ucrânia.
O indicado é Andrei Troshev, que se tornou uma das maiores lideranças do grupo de mercenários russos após a morte do comandante Yevgeny Prigozhin. Sua escolha é vista como um sinal da continuidade da utilização do grupo Wagner pela Rússia na guerra travada no país vizinho.
Segundo declarações divulgadas pelo Kremlin nesta sexta-feira (29/09), Putin disse a Troshev que sua tarefa é “lidar com a formação de unidades de voluntários que poderão realizar várias tarefas de combate, prioritariamente na zona da operação especial militar” – termo utilizado pelo governo russo para descrever sua guerra de agressão na Ucrânia.
Subordinado ao Ministério da Defesa
O fato de o vice-ministro russo da Defesa, Yunus-Bek Yevkurov, também estar presente à reunião com Putin e Troshev no Kremlin, sinaliza que o grupo Wagner estará sob o comando da pasta.
O encontro parece refletir a intenção russa de reenviar parte do grupo às frentes de batalha na Ucrânia, mesmo após o motim dos mercenários em junho e a morte de Prigozhin num acidente de avião em circunstâncias misteriosas.
O grupo Wagner é visto pelo Kremlin como um recurso valioso, embora os combatentes não venham tendo papel significativo na guerra desde a captura da cidade ucraniana de Bakhmut, na batalha mais longa e sangrenta do conflito.
No auge de suas atividades em vários continentes, o Wagner chegou a contar dezenas de milhares de combatentes. Pelo menos 50 mil criminosos condenados aceitaram lutar pelo grupo na Ucrânia em troca de liberdade. O grupo possui ainda dezenas de milhares de voluntários, incluindo muitos ex-membros das forças especiais.
Os combatentes são bem pagos e, segundo alardeava Prigozhin, a cadeia de comando age de modo responsável e sem a burocracia das Forças Armadas russas.
Pacto com Kremlin
A breve rebelião dos mercenários, em 23 e 24 de julho, visava derrubar a liderança do Ministério da Defesa, a quem Prigozhin culpava pelos erros na coordenação da guerra na Ucrânia e por tentar controlar o grupo Wagner. Seus comandados tomaram a base militar russa em Rostov-on-Don e partiram rumo a Moscou, antes de encerrarem o abruptamente o motim.
Embora Putin os tenha considerado como “traidores”, o Kremlin negociou rapidamente um acordo para pôr fim à rebelião, em troca de uma anistia, evitando que os mercenários fossem levados à Justiça pelo motim. Foram-lhes oferecidas três alternativas: se aposentarem, se mudarem para Belarus ou assinarem novos contratos com o Ministério da Defesa.
Em julho, o presidente russo afirmou que, cinco dias após o motim, ele se reuniu com 35 comandantes do grupo, inclusive Prigozhin, e sugeriu que continuassem a servir sob o comando de Troschev – de codinome “Cabelo Grisalho”. A oferta foi rejeitada pelo então líder maior do grupo.
Troshev é um militar aposentado que teve papel de liderança no grupo Wagner desde sua criação, em 2014, e se tornou alvo de sanções europeias por sua atuação na Síria como diretor executivo do grupo de mercenários.
Fonte: DW Brasil