Numa tentativa de diminuir o fluxo de visitantes no centro histórico de Veneza, o Conselho Municipal da cidade italiana aprovou nesta terça-feira (12) a cobrança de uma taxa de 5 euros (aproximadamente R$ 27) para turistas excursionistas – aqueles que só passam o dia e pernoitam em outro local.
A medida começará a ser testada na primavera de 2024 – ou seja, no final de março –, nos dias em que tradicionalmente há um alto fluxo de visitantes – as datas exatas ainda serão anunciadas. Essa fase de testes se estenderá, a princípio, por um período de 30 dias.
Turistas que pernoitam na cidade, bem como crianças e adolescentes até 13 anos, estão isentos da taxa.
Excursionistas terão que baixar um QR code no celular para mostrá-lo à fiscalização. Quem desrespeitar a regra pode pagar multas que variam entre 50 e 300 euros (R$ 266 e R$ 1.594, em valores aproximados).
Arrecadação esperada de 6 milhões de euros
Com a medida, a administração pública de Veneza espera arrecadar cerca de 6 milhões de euros, a serem investidos na preservação de construções históricas do destino turístico.
Segundo o prefeito Luigi Brugnaro, a taxa é um “primeiro passo” e um “experimento”, e o sistema de bilhetagem deverá ser fácil de usar. O político de centro-direita convocou “todos a cooperarem” para “salvar” Veneza e fazer dela “a mais antiga cidade do futuro”.
Oposição aponta ineficácia da medida
A oposição diz que a taxa é uma concessão apressada à Unesco e que não foram feitos estudos para verificar se a cobrança, de fato, surtiria o efeito esperado de diminuir o fluxo turístico. Especialistas também questionam a eficácia da medida. Diante dos preços exorbitantes – um passeio noturno de gôndola com duração de meia hora, por exemplo, custa 100 euros (R$ 532) –, o receio é de que uma entrada de 5 euros não faça muita diferença para o turista.
Debate se arrasta há anos
A decisão sobre a cobrança da taxa veio após anos de discussões sobre como a cidade pode reagir melhor aos milhões de visitantes que recebe, sem que nenhuma medida concreta tivesse sido tomada até então. Planos para cobrança de taxas foram sempre adiados por receio de que isso pudesse prejudicar as receitas com o turismo e restringir a liberdade de ir e vir.
A população real de Veneza não chega a 50 mil habitantes – na alta temporada, porém, há dias em que o número de turistas atinge mais do que o dobro disso.
Unesco classificou Veneza como Patrimônio Cultural da Humanidade em perigo
No final de julho, a Unesco emitiu uma recomendação para rebaixar o status de Veneza para Patrimônio Cultural da Humanidade em perigo. A cidade, alegou o órgão cultural das Nações Unidas, corria o risco de sofrer danos “irreversíveis” caso as autoridades italianas deixem de protegê-la. O conselho da entidade se reúne em setembro para decidir sobre um eventual rebaixamento.
Fonte: DW Brasil
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