O governo conseguiu uma vitória na noite de quarta-feira (31), quando a Câmara dos Deputados aprovou a Medida Provisória (MP) de reestruturação dos ministérios, por 337 votos favoráveis, 125 contrários e uma abstenção.
No entanto, na noite de 4ª, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), falou com a imprensa pouco antes de se reunir com líderes dos partidos, período antes da votação, e disse que havia uma “insatisfação generalizada” dos deputados e talvez dos senadores com “a falta de articulação política do governo”. O congressista chegou a dizer que se o resultado não fosse de aprovação, a responsabilização deveria cair sobre o governo.
Com a aprovação, Lira sinalizou ter soltado a mão do governo e disse, ao deixar o Congresso, que “daqui pra frente, governo vai ter que andar com suas pernas” e que “não haverá nenhum tipo de sacrifício” por parte da Câmara.
Por que?
A aprovação do projeto foi antecedida por um longo dia de negociação entre governo e Câmara. Durante o dia, Lira estava irredutível e queria a derrota da medida, caso o presidente Lula não fizesse gestos concretos para agradar o centrão, bloco formado pela maioria dos partidos no Congresso. Esses parlamentares costuma oscilar seus apoios entre pautas do governo e pautas da oposição.
- Circulava a informação que Lira exigia a troca de ministros, como Renan Filho, do MDB, filho do senador Renan Calheiros (MDB-AL), adversário político de Lira em Alagoas, além de ministros do União Brasil, como Juscelino Filho, das Comunicações, e Daniela Carneiro, do Turismo.
- Com a repercussão, Lira rebateu a informação, por uma rede social. “É falsa e descabida a informação que pedi a cabeça de ministro, e muito menos em troca de aprovação de qualquer proposta do Governo”, publicou.
- No dia anterior, 3ª feira (1.jun), a Câmara emplacou uma derrota ao governo aprovando o Marco Temporal, em uma clara sinalização de que detem, por enquanto, a força diante do governo.
- Em meio às negociações para aprovar a medida provisória de reestruturação dos ministérios, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma liberação recorde de emendas parlamentares: R$ 1,7 bilhão em apenas um dia, também na terça-feira. Mesmo assim, o governo esteve perto de perder a queda de braço.
- Lula, portanto, se reuniu com os ministros da Casa Civil, Rui Costa, das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), na manhã de 4ª, e no no fim da manhã ligou para Lira e fez um apelo por ajuda na aprovação da MP.
O presidente da República tem tentado resistir a ceder às exigências de Lira, para não se mostrar refém do parlamentar, mas isso tem custado força política do petista. Assim, o centrão avisou ao governo que apoiaria a medida na Câmara, mas que essa seria último movimento do bloco em favor do governo.
Clima no Senado
Apesar da vitória com gosto de empate na Câmara, o cenário parace ser outro no Senado. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se mostra mais empenhado pela votação, que, caso não ocorra hoje, a configuração da esplanada volta a ser a de Jair Bolsonaro.
Todas comissões que tinham reuniões marcadasr, inclusive a entrega do relatório da CPMI do 8 de janeiro, foram adiadas. Por regimento, quando há votação em plenário, todos trabalhos devem ser suspensos. A votação está prevista para às 10h. O resultado no Senado deve dar o tom definitivo da postura do Congresso na relação com o Palácio do Planalto.
O Senador Humebrto Costa (PT-PE) anunciou na manhã desta 4ª que o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), lhe designou como relator da MP no Senado. Segundo o post do parlamentar, a votação deve acontecer logo mais no senado.