Na Alemanha, Erdogan teve vitória folgada

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, reeleito em segundo turno neste domingo (28) para mais um mandato de cinco anos, teve entre os eleitores expatriados turcos na Alemanha um desempenho muito superior do que em seu país.

Com cerca de 95% das urnas apuradas na Alemanha, Erdogan recebeu 67,4% dos votos entre os expatriados turcos – mais de 15 pontos percentuais acima do seu desempenho geral nas eleições, nas quais teve 52,1% dos votos.

Seu rival de oposição, Kemal Kiliçdaroglu, recebeu 32,6% dos votos na Alemanha, contra 47,86% no cômputo geral. Os números foram divulgados pela agência de notícias estatal Anadolu.

O desempenho eleitoral de Erdogan na Alemanha foi superior ao da eleição passada, em 2018, quando ele teve 64,8% dos votos – naquele pleito, porém, só houve um turno.

Maior diáspora turca

Na Turquia, cerca de 61 milhões de pessoas estavam aptas a votar no segundo turno, além de outros 3,4 milhões de turcos que vivem no exterior.

A maior diáspora turca está na Alemanha, onde vivem cerca de 3 milhões de pessoas com raízes turcas. Desse grupo, cerca de 1,5 milhão de pessoas estavam aptas a votar na eleição. A maioria dos eleitores turcos na Alemanha mora no estado da Renânia do Norte-Vestfália, onde estão 500 mil eleitores.

No primeiro turno, realizado em 14 de maio, Erdogan havia recebido 65,5% dos votos entre os turcos que moram na Alemanha.

Popular na Alemanha

Especialistas atribuem o bom desempenho de Erdogan entre os turcos na Alemanha a diversos fatores.

A imigração turca para a Alemanha, no pós-Guerra, era sobretudo de pessoas vindas do interior da Anatólia, com uma visão de mundo religiosa e conservadora.

O presidente da Comunidade Turca na Alemanha, Gökay Sofuoglu, diz que, além disso, Erdogan soube construir uma boa estrutura entre a comunidade turca na Alemanha. “Ele se apresentou como alguém que se importa com os turcos na Alemanha”, afirma.

Sofuoglu diz que muitas pessoas de ascendência turca que vivem há anos na Alemanha são cotidianamente confrontadas com racismo. Por isso, principalmente entre os jovens existe uma espécie de atitude de protesto, e esses eleitores se identificam com Erdogan.

“Ele se apresenta como o homem forte, que lhes dá a sensação de serem parte de uma grande nação, promete identidade e pertencimento e também consolida isso – ao contrário, talvez, da política alemã”, observa.

Fonte: DW Brasil