Amigo ou inimigo? Especialistas debatem uso da IA na Educação

A Inteligência Artificial (IA) está ganhando cada vez mais espaço na vida dos brasileiros, sobretudo, entre os adolescentes. Produtos como a Alexa, da Amazon, e sistemas de chatbot, como o ChatGPT e o YouChat, chamam a atenção por prometer auxiliar em tarefas diárias, resultando em mais comodidade para os consumidores. Na educação, a grande dúvida é se a tecnologia pode ser considerada um amigo ou inimigo, uma vez que o uso excessivo do recurso pode alterar o processo de aprendizagem dos alunos.

Como são facilitadores, os sistemas dispensam habilidades essenciais, como leitura, interpretação de texto, raciocínio lógico e compreensão. No caso do ChatGPT, lançado em novembro de 2022, os usuários podem interagir com o software e pedir resumos, roteiros, cronogramas e resolução de problemas matemáticos, por exemplo. Tudo é fornecido com respostas variadas em uma linguagem fluida e natural, semelhante à humana. O sistema é parecido ao da Alexa, mas com respostas mais sofisticadas e somente em texto.

É importante ressaltar que a IA ainda não é regulamentada no Brasil. Na última semana, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), apresentou um projeto de lei para regulamentar a tecnologia, alegando que os sistemas provocarão mudanças significativas nos setores econômicos e sociais. O texto traz 45 artigos que se dividem em fundamentos gerais da utilização; proteção de direitos das pessoas afetadas por sistemas de IA; categorização de riscos; governança; responsabilidade civil; códigos de boas práticas e governança; comunicação de incidentes graves; e supervisão e fiscalização.

Apesar dos temores, a tecnologia pode servir como parceira dos professores, como na organização de aulas, estruturação de conteúdos, planos e atividades avaliativas. O papel dos sistemas deve servir apenas como apoio, inspiração ou insights para que os educadores, na sequência, façam uma curadoria do que deve ser aplicado em sala de aula. Estimular o uso das ferramentas por alunos também pode ser positivo, atraindo mais a atenção para a atividade. A ação, no entanto, deve ser orientada para que não haja perda do aprendizado ou informações inconsistentes.

A aposta na IA para o setor educacional também é compartilhada por Christian Perrone, pesquisador sênior da área de direito e tecnologia do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio). Para ele, os sistemas podem promover uma maior identificação com os alunos, uma vez que os softwares agem como “tutores” quando os estudantes estão em casa e precisam de auxílio com alguma lição. Neste caso, o ponto a ser analisado pelos professores seria a lógica ou o conceito utilizado pelos alunos para chegar ao resultado da tarefa.

Como a experiência é relativamente nova, acredita-se que o real impacto da IA na educação será evidenciado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano – porta de entrada para universidades brasileiras e portuguesas. A prova, que será aplicada em novembro, conta com 90 questões de humanas e exatas, além de uma redação, o que irá testar, de fato, o conhecimento e desenvolvimento do aluno.

Questionado, o Ministério da Educação (MEC) informou que ainda não tem discussões ou propostas concretas tramitando sobre o tema na pasta.

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