Especialistas da ONU acusaram, nesta quinta-feira (27), a China de forçar centenas de milhares de tibetanos a seguir programas de “treinamento profissional” que ameaçam a identidade tibetana e podem levar ao trabalho forçado.
“Centenas de milhares de tibetanos foram transferidos de sua vida rural tradicional para empregos pouco qualificados e mal pagos desde 2015, sob um programa descrito como voluntário. Mas, na prática, sua participação foi forçada”, escrevem em comunicado.
Esses especialistas, incluindo os relatores sobre as formas contemporâneas de escravidão, Tomoya Obokata, sobre questões de minorias, Fernand de Varennes, e sobre o direito ao desenvolvimento, Saad Alfarargi, por mandato do Conselho de Direitos Humanos, não falam em nome da ONU.
Eles afirmam que esses programas de “transferência de mão de obra” e “treinamento profissional” no Tibete “ameaçam a identidade tibetana” e “podem levar a uma situação de trabalho forçado”.
“Os tibetanos são transferidos diretamente dos centros de treinamento para o novo local de trabalho, sem que se saiba se aceitam esse novo emprego. Não há controle para determinar se as condições de trabalho constituem trabalho forçado”, denunciaram os relatores.
O Tibete foi governado pela China com mão de ferro desde a década de 1950. Muitos tibetanos no exílio a acusam de medidas repressivas e tortura e dizem que a China tenta apagar sua cultura.
Os especialistas afirmam que os centros de treinamento profissional praticam sobretudo “a doutrinação cultural e política em ambiente militarizado”. Os tibetanos que participam da campanha são impedidos de usar a língua tibetana e desencorajados a mostrar sua identidade religiosa.
Eles temem que esses programas sejam projetados para promover “uma nação de uma raça e uma etnia” e arriscam empobrecer ainda mais os tibetanos.
Fonte: SBT News
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