O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou nesta segunda-feira (24/04) que os dois grupos rivais que disputam o poder no Sudão chegaram a um acordo para a implementação de um cessar-fogo de 72 horas, após dois dias de intensas negociações intermediadas por Washington.
Os confrontos entre as Forças Armadas do Sudão e unidades paramilitares eclodiram nas ruas da capital, Cartum, em 16 de abril e se estenderam por outras regiões do país africano.
Os combates começaram após meses de tensões entre dois líderes militares rivais. As Forças Armadas do Sudão, sob o comando do general Abdel Fatah al-Burhan, e unidades paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), chefiadas pelo vice-presidente do Conselho Soberano, Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, trocaram acusações de provocar o conflito.
Nos últimos dias, outras tentativas de impor um cessar-fogo no país fracassaram, com os dois lados se acusando mutuamente de violações.
Comitê para apoiar “fim duradouro dos combates”
“Após intensas negociações nas últimas 48 horas, as Forças Armadas e as FAR concordaram com a implementação de um cessar-fogo em todo o território nacional com início à meia noite de 24 de abril e com duração de 72 horas”, afirmou Blinken.
“Os Estados Unidos apelam às Forças Armadas e às FAR para que cumpram imediatamente e de maneira completa o cessar-fogo. De modo a apoiar o fim duradouro dos combates, os EUA coordenarão [a trégua] com parceiros regionais e internacionais e com atores civis”, destacou.
O secretário de Estado afirmou que Washington irá “ajudar na criação de um comitê para supervisionar a negociação, conclusão e implementação de um fim permanente das hostilidades e o planejamento humanitário no Sudão”.
“Continuaremos a trabalhar com as partes sudanesas e nossos parceiros rumo ao objetivo comum de promover o retorno de um governo civil no Sudão”, concluiu.
Pouco depois do anúncio de Blinken, as Forças Armadas e as FAR confirmaram suas adesões ao cessar-fogo de 72 horas mediado pelos EUA.
Operações de evacuação
Batalhas ferozes entre os dois grupos, que incluíram combates com tanques na densamente povoada Cartum e ataques aéreos lançados por caças, já mataram ao menos 427 pessoas e deixaram milhares de feridos.
Neste domingo, os EUA e o Reino Unido informaram que conseguiram retirar do país os funcionários de suas embaixadas na capital, Cartum. Vários governos europeus anunciaram operações de evacuação, em meio aos combates mortais entre os generais rivais que lutam pelo controle do terceiro maior país da África.
Um comboio de 65 veículos transportou centenas de pessoas, entre estas, crianças, diplomatas e funcionários de organizações humanitárias, em uma viagem de 35 horas de Cartum para o Porto do Sudão, no mar Vermelho.
Dezenas de milhares de pessoas, incluindo sudaneses e cidadãos de países vizinhos, deixaram o Sudão nos últimos dias. Várias nações também tentam ajudar seus diplomatas e cidadãos a fugirem do conflito que assola o país.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que a violência no país que possui limites territoriais com o mar Vermelho, o Nordeste Africano e a região do Sahel “ameaça uma conflagração catastrófica […] que pode tragar toda a região e ir além”.
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