Pelo menos três civis morreram em confrontos neste sábado (15) entre o Exército e paramilitares no Sudão, em meio à escalada de violência entre os grupos dos dois generais rivais que protagonizaram o golpe de 2021.
Cartum, a capital sudanesa, acordou abalada por explosões e disparos de armas pesadas e leves. Horas depois, o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR), do general Mohamed Hamdan Daglo, também conhecido como “Hemedti”, anunciou a tomada do aeroporto internacional e do palácio presidencial, e convocou a população e os soldados a se rebelarem contra o Exército.
Diante dele, o Exército regular, chefiado pelo general Abdel Fatah al Burhan, líder “de fato” do Sudão desde o golpe de 25 de outubro de 2021, anunciou que havia mobilizado as forças aéreas contra “o inimigo”.
O Exército negou que as FAR tenham tomado o aeroporto internacional e garantiu que alguns paramilitares “se infiltraram e incendiaram aviões civis, incluindo um da Saudi Airlines”. O incidente foi confirmado por Riade.
Em Cartum, os jornalistas da AFP ouviram aviões sobrevoando as bases das FAR, e o Exército publicou no Facebook a foto de uma delas em chamas.
Segundo um primeiro balanço do sindicato oficial de médicos, três civis morreram: dois, em Cartum; e outro, em El Obeid, no sul.
Ambos os lados também se enfrentam pelo controle da mídia estatal, segundo testemunhas. O sinal de televisão parece ter parado.
Nos arredores de Omdurman, um jornalista árabe da BBC foi “agredido por um soldado” quando tentou explicar que estava indo para o trabalho, informou a rede.
– Pedidos de moderação –
O enviado da ONU no Sudão, Volker Perthes, fez um apelo pelo fim “imediato” dos combates, assim como a União Africana e o secretário de Estado americano, Antony Blinken, que disse estar “profundamente preocupado” com a situação.
A Rússia pediu às partes que tomem “medidas urgentes, visando a um cessar-fogo”.
Os habitantes de Cartum estão entrincheirados em suas casas.
“Como todos os sudaneses, estamos abrigados”, tuitou o embaixador americano, John Godfrey.
“A escalada de tensões entre os militares, até o confronto direto, é extremamente perigosa. Faço um apelo aos altos comandos militares para que ponham fim aos confrontos, imediatamente”, acrescentou.
O governo brasileiro pediu “moderação” e expressou seu “apoio às negociações políticas […] com o objetivo de restabelecer um governo civil de transição”.
SBT NEWS *com informações da AFP
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