Um estudo prevê que, em dois anos, o consumo de feijão no Brasil vai cair para menos de cinco vezes na semana. A mudança no hábito não tem a ver só com o preço. A concorrência com alimentos ultraprocessados, mais rápidos de preparar, tem feito o feijão se tornar um item cada vez mais raro no prato dos brasileiros.
Em relação à alta do preço, tem muita gente reclamando. A dona de um restaurante, em São Paulo, Lídia Zorzi diz que tenta segurar a alta, mas fica complicado. E depois de um ano com o mesmo preço de pratos que vão feijão, vai ter que aumentar de 15% a 20%. No supermercado, o consumidor também fica descontente. A diarista, Maria da Silva, diz: “Tá caro, principalmente, pra gente que tem muitos filhos que janta, almoça, e come feijão”.
Na capital paulista, o quilo do carioquinha, o mais consumido no país, varia de R$ 8,90 a R$ 11,90. Já o feijão-preto vai de R$ 6,50 a R$ 9,80. O feijão-branco e o vermelho custam ainda mais caro.
PROBLEMAS COM A SAFRA
A tendência é de alta nos preços do feijão. Segundo os produtores, vários fatores levaram a uma redução de 40% na primeira safra de 2023, comparada com a de cinco anos atrás.
Márcio Lüders, presidente do Instituto Brasileiro do Feijão, explica que os produtores preferem cada vez mais plantar na primeira safra a soja, e só depois o feijão. Ele diz ainda que tivemos o problema de falta de chuvas na região sul, o que também tirou a produtividade. O agricultor reclama da falta de pesquisas sobre feijão, que poderiam chegar a sementes com maior produtividade, assim como acontece com a soja e o milho. Anualmente o Brasil produz em média três milhões de toneladas de feijão. Se não colhermos o ideal, três milhões e meio, o preço poderá chegar a quinze reais o quilo em 2024.
Com menos oferta, o feijão fica mais caro. O preço é mesmo uma das razões para a queda de consumo de feijão no país. Em 15 anos, a queda foi de 52%, e estudos apontam que vai continuar reduzindo, ameaçando uma parceria nacional: o famoso prato feijão com arroz.
MAIS UMA MÁ NOTÍCIA
Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais prevê que em dois anos, o brasileiro não comerá mais feijão de forma regular, ou seja, de 5 a 7 dias da semana. E sim de 1 a 4 dias. E aí não é só pelo preço. É a concorrência com alimentos ultraprocessados, que aceleram, ou até dispensam o preparo. Eles entram na dieta de quem tem pressa, mas pouca preocupação com a saúde. Uma tendência que vai à contramão do que se espera no restante do mundo, que preocupado em comer menos carne, parte para ervilha, lentilha, grão-de-bico, e o feijão. Marcelo Lüders alerta que a única forma de substituir a proteína animal é pelo produto altamente proteico e que tenha demanda de recursos naturais, como é o caso de feijão.
Fonte: SBT News