Pela primeira vez, desde que Alan Lopes foi morto, a família do rapaz voltou ao local do crime: a casa onde ele morava com a mãe, em Amsterdã, na Holanda.
Na cozinha, a irmã encontrou um prato de comida e um último pedaço de pizza, ainda na caixa. Na escada da residência, manchas do reagente usado pela polícia científica, para detectar vestígios biológicos, como sangue.
“Eu vou botar a mão, porque tem sangue, e eu não quero mostrar, mas foi aqui que meu irmão foi encontrado. A gente acredita que a briga começou lá em cima… ele desceu, e a última facada foi aqui”, relata a mãe da vítima, em um vídeo registrado dentro do imóvel.
O brasileiro Alan Lopes, de 21 anos, foi morto a facadas na noite do último domingo (26). O amigo da vítima, o também brasileiro Begoleã Fernandes Mendes, de 25 anos, confessou o crime, no dia seguinte, à polícia de Portugal, quando foi preso no Aeroporto de Lisboa. Ele tentava fugir para o Brasil com documentação falsa.
Aos investigadores portugueses, Begoleã disse que agiu em legítima defesa, porque Alan teria tentado matá-lo depois de oferecer a ele carne humana e mostrar vídeos de canibalismo.
Para a mãe da vítima, tudo não passa de alucinação. “Acho que o Begoleã é um doente mental. Ele deve ter imaginado tudo isso, eu creio que isso, nada, nunca poderia ser verdade”, afirma Antônia Lima, alegando que o suspeito já apresentava sinais de problemas psiquiátricos.
Antônia Lima conta que conheceu o assassino do filho há 3 anos, o abrigou e depois ajudou o rapaz a conseguir um lugar para morar. E lembra ter notado uma atitude estranha de Begoleã, dias antes do crime.
“Ele disse que uns amigos dele, no Brasil, colocou um material radioativo no calçado dele, e isso tornava ele muito doente. Por isso, ele precisava jogar essas coisas fora”, diz a mãe da vítima.
Begoleã permanece em prisão preventiva, em Lisboa, aguardando extradição para a Holanda, onde será julgado por homicídio. A família da vítima disse que a polícia holandesa deu pouca informação sobre o caso até agora, mas adiantou que não trabalha com a hipótese de que os dois rapazes estivessem envolvidos em rituais de canibalismo.
“Até então, uns dois dias atrás, eles disseram que nem de carne eles sabiam, mas a gente não sabe se é algum protocolo, que eles não informam”, acrescenta a irmã de Alan, Kamila Lima.
Ao ser preso, Begoleã levava na bagagem um saco com carne humana, mas a perícia já descartou que fosse de Alan. Em áudios enviados para amigos, ele confessa o crime.
“Ele é canibal, já faz muito tempo que a galerinha sabe, só que é uma parada tão bizarra que ninguém acredita. Ele decepou um marroquino, e me chamou lá na cada dele para comer um pedaço da carne do cara. Na hora que ele tentou me pegar, cara, eu estava com uma faca, e eu fui reagir, e passei ele, tá ligado?”, afirma Begoleã, na gravação.
O corpo de Alan Lopes será cremado na semana que vem. Até lá, dona Antônia luta pela memória do filho. “Muitas vezes, minha porta até dormia aberta, porque eu tinha segurança, e eu trouxe meu filho para esse lugar tão seguro, para meu filho morrer? Justiça seja feita, e eu não quero que ele fique inventando coisa a respeito do meu filho”.
Fonte: SBT News
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