Autoridades iranianas investigam envenenamento de centenas de alunas

Centenas de moças de diferentes escolas do Irã teriam sido alvo de envenenamento desde o passado mês de novembro. Após desvalorizar as ocorrências, autoridades iranianas acreditam agora que foram ataques intencionais para obrigar o encerramento de instituições de ensino feminino. Uma investigação já foi aberta.

Pelo menos 650 alunas podem ter sido envenenadas com gás tóxico. Embora não tenham ocorrido casos graves ou mortes, foram muitas as estudantes que tiveram sintomas como dificuldades respiratórias, fadiga, náuseas e tonturas. Até agora, as autoridades iranianas não tinham associado os incidentes entre si, mas nesta semana começaram a investigá-los como ataques intencionais.

Os casos de envenenamento ocorreram em três dezenas de escolas, no momento em que o Irã tem sido varrido por uma onda de protestos desencadeados pela morte da jovem Mahsa Amini, em setembro, pela polícia

As autoridades do país começam agora a considerar a hipótese dos ataques terem como objetivo encerrar as escolas para moças. “Ficou claro que algumas pessoas queriam as escolas, especialmente as femininas, fechadas”, disse o vice-ministro da Saúde, no domingo, citado pelas agências internacionais.

“As alunas não precisam de nenhum tratamento invasivo e é necessário manter a calma”, explicou, em entrevista coletiva. 

Porta-voz do Ministério da Saúde, Pedram Pakaieen, disse à comunicação social iraniana que o envenenamento não foi provocado por vírus ou micróbios, mas não especificou a origem.

O procurador-geral iraniano anunciou que a investigação teve início, alegando a “possibilidade de estarmos perante atos criminosos e premeditados”.

De acordo com a BBC, o primeiro envenenamento aconteceu a 30 de novembro, com 18 estudantes da Escola Técninca de Nour, na cidade de Qom. Desde o ocorrido, dezenas de escolas femininas foram atacadas na província vizinha.

Na semana passada, pelo menos 194 raparigas foram envenenadas em quatro escolas da cidade de Borujerd, na província ocidental de Lorestan.

As autoridades ainda não identificaram suspeitos, mas ataques recentes levantaram receio de que outras moças possam ter sido envenenadas apenas por frequentarem a escola. Uma vez que é inverno no Irã, e as temperaturas são geralmente negativas durante a noite, muitas das escolas são aquecidas a gás natural, o que levou à especulação sobre os envenenamentos estarem relacionados a monóxido de carbono.

O ministro da Educação descartou inicialmente os relatos como rumores, mas as escolas afetadas eram frequentadas apenas por mulheres, o que começou a alimentar suspeitas de que os casos não foram acidentais.

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