Um novo terremoto atingiu o sudeste da Turquia nesta segunda-feira (27/02), provocando a morte de uma pessoa e deixando 69 feridos, além de derrubar mais 29 edifícios, informaram as autoridades do país.
A réplica mais recente dos tremores dos últimos dias teve magnitude 5,6 e ocorreu a uma profundidade de 6,25 quilômetros, três semanas após o terremoto devastador que matou mais de 50 mil pessoas na Turquia e na Síria.
Desde o primeiro sismo, já houve 45 réplicas com magnitudes entre 5 e 6, informou o diretor-geral da Autoridade de Gerenciamento de Desastres e Emergências (Afad) da Turquia, Orhan Tatar. “É uma atividade extraordinária”, afirmou.
A Turquia está a poucos meses das eleições presidenciais e legislativas, marcadas para junho. O pleito deverá representar o maior desafio já enfrentado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan, duas décadas depois de assumir o poder no país.
Ele vem recebendo críticas pela má gestão da catástrofe e atrasos no envio de ajuda às regiões afetadas. Há temores de que o líder turco utilize o terremoto como motivo para adiar as eleições.
Uma delegação da Alta Comissão Eleitoral do país visitará zonas atingida pelo terremoto para avaliar a possibilidade de a votação ser realizada nessas regiões.
Nesta segunda-feira, em visita a Adiyaman, uma das áreas mais atingidas pelos sismos, Erdogan pediu perdão pelo atraso nas operações de resgate. Nas eleições de 2018, ele já havia tido dificuldades para ganhar os votos dos eleitores locais, vencendo por margem apertada seu rival na região.
“Sem governo, sem polícia, sem soldados”
“Devido ao efeito devastador dos tremores e ao mau tempo, não estivemos aptos a trabalhar da maneira como queríamos em Adiyaman nos primeiros dias. Peço desculpas por isso”, disse o presidente.
“Não vi ninguém aqui até as 2h da manhã do dia seguinte ao terremoto”, afirmou um morador da região à agência de notícias AFP. “Sem governo, sem Estado, sem polícia, sem soldados. Vergonha! Você nos deixou à nossa própria mercê”, reclamou, dirigindo-se ao presidente.
Antes de o país ser atingido pela catástrofe, a campanha de Erdogan ganhava fôlego. Sua aprovação vinha em ascendência após um período de baixa em meio à crise econômica que explodiu no país no ano passado.
O líder mas longevo da era moderna na Turquia é acusado pela oposição pela inflação fora de controle e por permitir que empreiteiros burlassem regulamentações de construção que poderiam ter salvado vidas.
Seu partido, o AKP, chegou ao poder em 2002 em meio a uma crise financeira e após o colapso da coalizão de governo, que – assim como ocorre agora com o próprio Erdogan – era fortemente criticada pela maneira como reagiu a um terremoto devastador em 1999.
O veterano político de 68 anos, que acumula mais de uma dezena de êxitos eleitorais, vem realizando visitas a cidades atingidas pelos tremores e prometendo uma rápida reconstrução, além de punições aos empreiteiros. As autoridades prenderam 184 pessoas por cumplicidade no colapso de edifícios. As investigações ainda estão em andamento.
Mais de 50 mil mortos
Isso, no entanto, poderá não ser suficiente para convencer os eleitores revoltados que perderam suas casas no terremoto de magnitude 7,8, e que o acusam de demorar a agir.
No domingo, a Afad informou que a contagem de mortos pelos terremotos na Turquia era de 44,374. Somadas aos óbitos registrados na Síria, o total de vítimas é de mais de 50 mil.
Mais de 160 mil edifícios com 520 mil apartamentos entraram em colapso ou foram gravemente danificados pela maior catástrofe da história moderna do país.
Fonte: DW Brasil